Rastreia-me, agora, mavioso olhar!
Atravessa os limites de minha essência
Feliz sejas tu, se for ela amor
Ávido por inverdades, caso encontre a dor
E (pronto esteja para tal dissabor)
Livre do fardo, se descobrir demência.
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Saneia-me de incruências os confins sujeitos
Apupilados me são tais injúrios verbetes
Nem regras ou leis: apenas lembretes
Todos eles, acredite, são reversos defeitos;
Atento esteja para tudo! - Pois
No que, incertos do termo, denominamos "depois"
Apenas sobrevive o que é escorreito.
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Vitupera, em favor, nossas mortes cotidianas
O todo se esvai a cada dor leviana.
Cromática retina é idílica promessa
E se olhas em mim, logo, em si, o choro cessa.
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É de fato amor? - Ora, é só o que interessa.
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Une os nossos destinos,
Meu doce menino
Afaga-me em pálpebras! - E o faz bem depressa.
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Para que a alma não seja campo interino,
Apenas o sumo do que abomino:
Riso que a falta dos olhos confessa,
Tatos que atestam uma história pregressa
E escleras manchadas de gotas carmim.
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Deleita-me em teu reflexo claro
E esconde-me em ti sem fátuo preparo.
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Mescla o teu brilho em melódicas fases,
Invade o contexto e recria-me em frases
Mesmo que seja este o início do fim.
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E assim, em teus traços, estará bem guardado
Um amor sempiterno de bobo namorado.
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Trabalha-me em focos que te reflitam em mim
E banha meu corpo com teus olhos de luz.
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Arrebata-me, inteiro, com tuas lentes tão vivas!
Melífluas conjuntivas,
Olhar de alcaçuz.
Rafael Casal / 18 de janeiro de 2010
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