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E já tenho me perguntado como é possível sentir tanta saudade de você.
Desde que pude provar do seu cheiro pela primeira vez, tenho convivido com o desconforto de não estar perto de você todos os dias, com tempo ocioso para curtir sua presença. Sim, é sempre muito necessário olhar nos seus olhos, tocar você, sentir que você é real. Sempre muito necessário acalentar meu corpo com seu calor e confortar minhas inquietudes com sua presença lenitiva.
E quando não nos é permitido um contato mínimo, parece que o dia não existiu. Parece que ter acordado não fez o mesmo sentido e não teve o mesmo valor. Como se agora você fizesse tudo valer um pouco mais à pena. Como se a sua existência condicionasse minhas ânsias e medos ao rumo irresoluto da felicidade, de cujos sabores não posso desfrutar se você não estiver comigo.
De fato, o contato físico é sempre muito diferente. Por mais que o telefone, o msn ou as sms's diminuam a distância cotidiana entre a gente, nada se compara à sensação lúdica e estóica do seu toque. Além de ser revigorante, é divertido. É pacificador. E tudo porque eu sinto transmissão de amor quando as nossas peles se encontram. Como se a energia que pulsa no ritmo do seu coração se fundisse com a que motiva o meu e, naquele momento, uma só energia ligasse meu espírito a você.
E, certamente, esta ligação tem se tornado mais forte e estável a cada dia. Este nosso laço de compromisso espiritual tem se estabelecido não como uma obrigação, mas como uma dádiva. Porque curtimos a presença do outro. Porque nos deliciamos diariamente com a possibilidade do encontro, do afago, do carinho.
Não falta interesse, nem vontade. E até mesmo a escassez de tempo e das oportunidades, que nos são tomadas pela correria de nossas vidas repletas de responsabilidades e obrigações juvenis, não é empecilho para o momento mais aguardado e feliz do dia: o nosso encontro. O instante em que poderei tocar você e ter a certeza de que você existe mesmo. Os segundos mais delicados. Os minutos mais graciosos. As horas mais encorajadoras.
Os dias mais lindos.
Os dias em que, mesmo estando ao seu lado, não deixo de te querer mais. Não deixo de sentir que ainda é pouco. Não deixo de desejar sua pele, seu calor, seu toque, seu corpo. Porque é mais que amor e desejo. É mais do que um processo volitivo incomum. É necessidade. Não no sentido doentio da palavra, nem no contexto de carga psicótica que a mesma pode conter, mas necessidade entendida como uma depedência sadia. Necessidade como escolha. Necessidade como destino.
Necessidade de você.
Necessidade de estar contigo, de te ver sorrir. Necessidade de sorrir junto com você. Necessidade de dividir horas e horas a fio, falando de tudo e de todos. Falando, brincando, beijando, abraçando, gargalhando... Necessidade de Beto.
Necessidade de Beto, necessidade de vida. Necessidade de ser feliz.
E, sendo assim, como a saudade não me ser companheira diária? - Mais que impossível. Porque, antes mesmo de você sair do meu campo de visão em nossas despedidas rotineiras, eu já sinto que o vazio se estabelece sem pedir licença. O vazio que não me aflige, mas me incomoda. O vazio que não me rouba a paz, mas me deixa levemente inquieto. Um vazio que só se esvai quando posso outra vez tocar seu corpo e, então, sentir nossa felicidade recobrir minha alma de gozo e satisfação.
Quando deixarei de sentir tanta necessidade de você? - Acredito que não tenho essa resposta.
Mas sinto que não conseguirei nunca me acostumar com sua ausência. Sinto que a saudade que hoje me é companhia será cada vez maior e não deixará de me fazer ter vontade de você. Mesmo quando estivermos juntos, velhos e insuportáveis aos estranhos e terceiros e insuportáveis também a nós mesmos. [risos]
Sim, quero ficar com você para sempre.
E poder viver a emoção de ter minha saudade diminuída todas as vezes em que você olhar nos meus olhos, chegando do trabalho ou de um dia fora de casa, e disser que me ama.
Porque agora sei que sentir saudade sem sofrer é um dom de poucos. E com você eu conheci o gosto dessa saudade.
Só com você.
Porque é você. O homem que me escolheu e que eu escolhi para dividir as muitas saudades sutis que teremos e lembranças infantis que construiremos até o ponto final dessa nossa ansiosa história de amor.
Porque é você.
Rafael Casal / em 07 de Abril de 2011.
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